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TBridge: uma estranha (mas necessária) no ninho


Não pessoal; não vou “resenhar” sobre o aclamado filme de 1975 do diretor Miloš Forman, protagonizado pelo insuperável “coringa de plantão” Jack Nicholson. Passados 46 anos, esse filme - que continua atualizadíssimo – fala sobre um estranho que foi introduzido em uma instituição e chacoalhou seu sistema, conduzido por gestores inflexíveis, seguidores de regras uniformes (pessoas com ideais diferentes tratadas da mesma forma) e protocolos rígidos (e muitas vezes sem sentido), capazes de engessar as ações de seu público a ponto de não mais acreditarem em qualquer tipo de avanço. Como não faço crítica cinematográfica, vou trazer o enredo para nosso tempo e para uma área em que sou iniciado. Troque a palavra “sistema” por “ecossistema de inovação” e mantenha o restante. À medida que forem lendo, conseguirão traçar o paralelo entre os atores e o contexto de 1975 com o que temos hoje. Pronto: bem-vindos a 2021.


Ecossistema de Inovação


Do sítio da Ventiur, monto esse meta-texto utilizando partes de seus conceitos:

“A palavra ecossistema dentro da biologia significa um conjunto de comunidades que colaboram entre si para a sobrevivência e desenvolvimento de todas”. Com isto, “obtêm-se melhores resultados da interação de diferentes empresas entre si, respaldadas por todos os atores que compõe a sua rede”. Assim, “Ecossistemas de inovação são ambientes que promovem articulações entre diferentes atores que enxergam a inovação como força motriz para o desenvolvimento social e econômico, (...) são polos que reúnem infraestrutura a capital humano e financeiro para favorecer ambientes de pesquisa e desenvolvimento que buscam solucionar dores latentes de mercado, criando produtos, serviços e projetos que atendam a tais necessidades”.


De que é feito?


Convencionalmente, um ecossistema de inovação é composto pela colaboração de estruturas: incubadoras, aceleradoras, coworkings, fundos de venture capital, parques tecnológicos, grandes empresas de tecnologia, associações públicas e privadas, governo e universidades - a dita tríplice hélice, e pessoas, individualmente ou encerradas em suas startups. Têm com o propósito pétreo aprimorar o ecossistema em que estão imersos. Quanto melhor for este, maior será geração de emprego e renda, tornando ainda mais forte o Mercado. Por consequência, maior o volume dos impostos, mantenedor do Estado e de seus respectivos programas sociais. Mas por que escrevi “convencionalmente”? É aí que entra uma nova atriz, pouco conhecida em nosso ecossistema, a estranha no ninho a qual me referi: a Venture Builder, ou VB.


Incubadora x Aceleradora


Antes de falarmos sobre a VB, cabe conceituar as atrizes convencionais do ecossistema. Criei uma tabela bate-bola simples para rápida comparação. Observem que coloco a incubadora como apoiadora de projetos e a aceleradora como operadora de startups pois, como defendi em A maior das barreiras de entrada, quem dá o brevê de startup a um projeto não é uma estrutura, mas o Mercado. Cabe também ressaltar dois importantes conceitos: validação e verificação. A validação é qualitativa. Testamos se os princípios inerentes a um P2S (processo, produto, serviço) funcionam. A verificação é quantitativa. Nessa hora é preciso mostrar o quanto tudo que funcionou (foi validado) é sustentável e aplicável em um modelo de negócio. Algo que foi validado é verificável se o Mercado disser “eu pago por isto”. Ou seja: o diploma da verificação é a nota fiscal.

Incubadora x Aceleradora


Barreiras


Pra facilitar a explicação, fiz um “desenhinho”. A barreira A é a da validação. Como dito, todas as hipóteses científicas inerentes ao PPS têm de ser validadas. A barreira B diz respeito à verificação. O PPS, coração da proposta de valor de algum Canvas, tem de gerar nota fiscal. Fim de papo! A barreira C é a que nos impede de enxergar o Mercado do outro lado, responsável por dar o título de startup ao negócio. Essa é a barreira de escala.


A distância entre os pontos P (projeto) e S (startup) é de difícil transposição por projetos oriundos diretamente de uma incubadora. Apesar de ser um bom celeiro para o alvorecer de startups, o forte viés acadêmico e a distância impedem que a incubadora tenha, ou consiga dar, uma boa visão do Mercado a seus clientes, o que torna qualquer “projétil” lançado daí uma aventura de alto risco.


As aceleradoras, por sua vez, são exímias caçadoras de startups verificadas, o que demonstra seu desapego à formação, validação ou aprimoramento de startups. Não importa se aquela ideia é fantástica ou é um sonho. Procuram por bons investimentos. Elas, literalmente, querem escala. Não compram sonhos, compram Mercado. Por isso caçam altos recursos para aportar nas startups.

Do ponto P (Projeto) ao ponto (S): um longo trajeto facilitado pela VB.


Descrevendo a “forasteira”


Agora que compreendemos os conceitos de incubadora, aceleradora e barreiras, o que se pode esperar da Venture Builder, essa estranha no ninho? A VB balanceia o melhor de dois mundos. De um lado, procura validar conceitos e verificar modelos de negócio por meio da participação temporária ou definitiva no projeto ou na composição da futura startup. De outro, investe recursos financeiro, administrativo, jurídico e científico de forma intensiva. Para isso, tem em sua estrutura advogados, pesquisadores em todas as áreas com acesso a universidades e centros de pesquisa; possui uma rede consolidada de empresas e investidores ávidos para participar - como acionistas, mentores, diretores etc. - em qualquer etapa de sua jornada. Por isto que as VB são também conhecidas como fábricas ou estúdios de startups. Ou seja: ela não participa apenas cedendo ovos, mas se compromete com o bacon, como naquela fábula empreendedora da galinha e do porco.


TBridge, um coringa no ecossistema


Em 2008 criei o NATA, Núcleo de Aplicação de Tecnologias Avançadas, primeira incubadora da UFRN. Ele deu origem a mais quatro incubadoras e em 2013 transformou-se na incubadora Inova Metrópole, coração do Instituto Metrópole Digital, ente que gerencia o parque de mesmo nome. Nestes mais de 13 anos, com momentos de crescimento significativo, o empreendedorismo lá praticado tornou-se morno, a ponto de promover uma desoxigenação em seus próprios processos de inovação. Muito disto, possivelmente, resultado das amarras burocráticas inerentes ao setor público, incapaz de abraçar rapidamente até mecanismos federais de incentivo, como, por exemplo, o sandbox regulatório aprovado em 1º de junho de 2021 no corpo do Marco Legal das Startups. Devemos, na verdade, podemos ficar parados? Este é um luxo ao qual não nos é dado. Uma vez que o setor público é seu próprio muro, quando o assunto é inovação, uma iniciativa privada tornou isto uma oportunidade: planejou, desenvolveu e implantou a primeira Venture Builder da região. Uma estrutura capaz de alavancar com agilidade os principais elementos de inovação do Mercado, aqueles responsáveis por promover a transferência de tecnologia e conhecimento dos centros de educação para a Sociedade, elementos que hoje são as maiores geradoras de emprego da atualidade no mundo: as startups.


O TBridge, uma VB de responsa, pré-inaugurado em setembro último, é um novo elemento em nosso ecossistema, até então composto por elementos convencionais (universidade, parque tecnológico, empresas de tecnologia e alguns coworkings). A sorte está lançada.


Finalizando...


Um dos pilares da transformação digital é a competitividade. Outro, a cooperação. A VB, recentemente instalada, quer promover a mudança atuando nestas duas frentes e utilizando a mais poderosa arma da inovação: a perturbação do sistema. Sigamos coopetindo. Todos ganharemos.


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