Peço que se atenham aos seguintes trechos de artigos de diferentes sites, os quais aparentemente parecem não se conectarem. Claro que tentarei colá-los:
Do Infoescola, trago o conceito de futuro do presente, que muito perturba os estudantes do ensino médio:
O verbo é a palavra cuja função sintática é exprimir ações (...). Para a formação dos tempos verbais consideramos o momento da enunciação como referência. Desse modo, o futuro do presente do indicativo indica um tempo posterior ao momento da fala, ou seja, um fato futuro com relação ao momento presente”.
O fim está próximo! As empresas nas listas da Fortune e da Forbes são as capitãs da indústria hoje, mas se as tendências continuarem, a grande maioria cairá em apenas alguns anos. Um estudo recente descobriu que as principais empresas do mundo estão ficando para trás e a um ritmo crescente! Este estudo descobriu que entre 1973 e 1983, 35% das principais empresas da Fortune 1000 eram novas. No entanto, na década seguinte (1983 a 1993), a taxa de substituição aumentou para 45% e, em seguida, saltou novamente para impressionantes 60% entre 1993 e 2003. de 2003 a 2013. Ou seja, mais de 3/4 dos atuais capitães de indústria cairão de seus tronos (tendência corroborada em outras pesquisas acadêmicas). Por quê? Porque eles não conseguiram ser empreendedores. Mas isso não significa que eles não tentaram.
Em recente bate-papo IncaaS-CDL (fev/2020), recebemos de sua diretoria a seguinte estatística: “dos 50 maiores pagadores de ICMS do RN de 1976, só 13 continuam na lista”. Temos em um horizonte pré-TD (Transformação Digital) de 44 anos o saldo de 26% de sobreviventes. Vejam que interessante: vários futurólogos de negócio preveem a morte de 70% das empresas que não atentarem para a TD até 2030. Quase o mesmo índice de sobrevivência (30%), só que em um tempo menor devido à velocidade de transformação imposta pela tecnologia.
A relação que estes trechos guardam entre si será desvendada adiante. Mas posso dar um spoiler: as startups não são desafetos das empresas convencionais!
Darwinismo Mercadológico
Seguem pensamentos de figuras icônicas do mundo empreendedor na sequência temporal em que foram proferidas:
Adam Smith (1776). “Mão invisível do Mercado”. Sugeria a autorregulamentação do Mercado e que o Estado não deveria subsidiar empresas em dificuldade, muito menos dispensar recursos para setores considerados eficientes.
Joseph Schumpeter (1942): “A destruição criativa é o processo de inovação que tem lugar numa economia de mercado em que novos produtos destroem empresas velhas e antigos modelos de negócio (...). Esse processo é o fato essencial do capitalismo!”.
Peter Drucker (1962)."O único propósito de uma empresa é criar um cliente; a segunda função do negócio é a inovação, isto é, a provisão de mercadorias e serviços melhores e mais econômicos. Não é suficiente que o negócio proporcione apenas um produto ou serviço econômico; deve proporcionar produtos ou serviços melhores e mais econômicos. Não é necessário que o negócio se torne maior, mas é necessário que nunca deixe de se tornar melhor”.
Jack Welch (90’s). “Quando o ritmo de mudança dentro da empresa for ultrapassado pelo ritmo da mudança fora dela, o fim está próximo”.
Klaus Schwab (90’s). “Estamos saindo de um mundo no qual os grandes engoliam os pequenos para um mundo em que os rápidos comem os lentos”
Daniel Kahneman (2002). “Nos concentramos muito no que conhecemos e ignoramos o que desconhecemos, o que nos faz confiar demais em nossas crenças. (...) Podemos estar cegos para o óbvio e cegos também para a nossa cegueira”.
Joanne Rowling (2000’s). “Alguns fracassos são inevitáveis. É impossível viver sem fracassar em alguma coisa, a não ser que você viva tomando tanto cuidado com tudo que você simplesmente não viva”
Segundo a Wikipedia, “Darwinismo é um conjunto de movimentos e conceitos relacionados às ideias de transmutação de espécies, seleção natural ou da evolução, incluindo algumas ideias sem conexão com o trabalho de Charles Darwin. A característica que mais distingue o darwinismo de todas as outras teorias é que a evolução é vista como uma função da mudança da população e não da mudança do indivíduo”.
Leve em consideração as frases acima, troque “espécie” por empresas, ajeite alguns termos, e estamos prontos para definir Darwinismo Mercadológico (DM):
Conjunto de movimentos e conceitos relacionados a ideias de auto-transmutação - mudanças por seleção artificial, competição ou aspectos invisíveis -, produzidos por empresas mais rápidas do que a sua, que não estão cegas, não temem fracasso, abraçam o novo, e com isso conseguem antecipar o ritmo das mudanças e evoluir. (GBB-San, 2022)
Ou seja: a empresa que desconsiderar o DM (seja ela pública ou privada de qualquer setor) vai morrer em um futuro breve. Mas, como diria o poeta L. Santos, “Para todo mal há cura!”.
Sendo sua própria Nêmesis!
Já que o DM agirá sempre no sentido de matar sua empresa, porque não ser você mesmo seu melhor adversário, sua própria Nêmesis? Você tem a primazia desta escolha! Questionamento filosófico, obviamente, mas que não é absurdo, pois todas as empresas do ecossistema lutam pela riqueza disponível no Mercado, que cresce muito lentamente, a ponto de acharmos ser fixa. Logo, empresas similares que oferecem propostas de valor parecidas disputarão pelos mesmos ativos. Considerando o “bolo” fixo, é natural que ocorram mortes.
Nêmesis segura a roda da Fortuna, com o pé sobre um adversário dominado (Wikipedia)
E aí você pergunta: “Como sobressair-se e viver (bem)? Você vai propor aquela cansada cantilena de sempre, 'Inovar’?”. E eu vos responderei: “Não, de modo algum. Nem eu aguento mais este termo… Minha sugestão é outra: vamos experimentar!”.
A cultura da experimentação
O tempo das empresas conduzidas por uma cultura talhada pelo estilo de gestão antigo, segundo o qual “Administração de empresas é uma área da ciência que trabalha desde a gestão dos recursos humanos às finanças de um negócio (...) de modo a ser extraído o máximo de valor de todas as áreas pra que uma organização seja gerenciada com qualidade” [Wikipedia], está com os dias contados. A velocidade com que a tecnologia avança impõe um ritmo de mudança forte o suficiente para transformar a qualidade em uma camisa de força para a Inovação, conceitos que discuti quando criei a ToyApple para demonstrar a alternância entre os ciclos de inovação e qualidade. Uma vez que o público é volátil, e a tecnologia favoreceu a construção de simulações relativamente baratas, com KPIs facilmente coletados (e.g. Google Analytics©), está-se diante de um novo paradigma que clama pela mudança de uma mentalidade de planejamento para uma mentalidade de experimentação, ancorada em um conjunto de táticas para testar rapidamente suposições antes de ir ao Mercado, muito diferente do que (ainda) se ensina nos cursos de administração mundo afora. O novo administrador tem de manjar de algoritmos. Precisa ter vários canvases na cabeça. Terá que conduzir simulações e squads temporários de passos ágeis. Este profissional tem de ser, na verdade, um Desenvolvedor de Negócios, com o pensamento em (i) aprimorar o negócio em que está inserido, ao mesmo tempo (ii) agir como uma Nêmesis, para saber o que pensa a concorrência, e (iii) criar um barco salva-empresa para o qual a atual deverá pular quando a coisa ficar feia. Pode, ao invés de saltar, implementar uma nova possibilidade para se investir, até uma startup. Portanto, as startups, ao invés de inimigas, podem ser vistas exatamente como uma solução (ou evolução) das empresas convencionais! Massa, né não?
Este esquema de transmutação organizacional foi operacionalizado pelo Dr. CB em seu escritório de advocacia, que passou de fixo e limitado para em nuvem e sem fronteiras. Assim, e por incrível que pareça o que vou dizer, não inove. Apenas experimente!. O momento pede para que sejamos lean: construir, medir, aprender!
Inicializando…
“O futuro do pretérito do indicativo se refere a um fato que poderia ter acontecido posteriormente a uma situação passada. É utilizado também para indicar uma ação que é consequente de outra, encontrando-se condicionada. Expressa ainda incerteza, surpresa e indignação”, diz o site Conjugação. Colando os enunciados aparentemente desconexos da introdução, sabemos que o Darwinismo Mercadológico estará sempre tentando te sabotar (futuro do presente). Um(a) CEO mais esperto(a) tocaria experimentos se soubesse que a empresa quebraria (futuro do pretérito). Qual dos tempos futuros você prefere? A propósito: esta última frase está no presente do indicativo; ou, de forma mais contundente, é um indicativo do presente! Sayonara!
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