Entenda como usar a metodologia de redução aos princípios como método de pensamento inovador
Esta postagem foi originalmente divulgada no site www.nossaciencia.com.br e está reproduzida aqui com a autorização do autor.
Muitas vezes nos perguntamos: como esses astros da inovação criam as coisas? Será que, além de possuir uma imaginação surpreendente para construir o futuro, essas pessoas têm de ser made in USA? A resposta pode ser mais simples do que pensamos, a partir do momento que começamos a analisar o que há de comum entre os e as Jobs, Withman, Gates, Rometty, Dell, Bezos, Sandberg, Zuckerberg etc.
E, para não dizer que sou eu quem descobriu isso – apenas observei, claro – vou utilizar uma das estrelas desta Via Láctea da inovação: o intrigante Elon Musk, o homem do Paypal, dos carros elétricos, da viagem ao planeta Marte, do NEURALINK – a conexão cérebro-máquina, e de mais uma dúzia de ideias pra lá de chocantes.
Segundo Musk, que utiliza a metodologia de redução aos princípios como método de pensamento inovador, o qual foi popularizado em seu vídeo The First Principles Method by Elon Musk, retiramos a ideia principal: “reduzir as coisas a suas verdades fundamentais, ou princípios, e raciocinar a partir daí, em oposição ao raciocínio por analogia”. E, quando fazemos isto, tiramos aquela venda dos olhos, e deixamos de seguir o que está estabelecido simplesmente porque está estabelecido!
Ao fazer isto, reduzimos o escopo de qualquer situação problema-solução às suas características basilares, o que faz com que cheguemos àquela função imprescindível, àquela função que não pode deixar de existir em uma solução, em uma inovação, a qual chamamos de MUF – Main Useful Function, ou em tradução literal função útil principal executada pela solução. Ou, como diria Sherlock Holmes: “Uma vez eliminado o impossível, o que restar, não importa o quão improvável, deve ser a verdade…”.
A ideia por trás de abandonar o pensamento por analogia é a de encontrar o mais rápido e eficiente caminho no qual as coisas são baseadas, e tentar evitar os vieses, as inércias psicológicas, as quais nos farão chegar ao mesmo ponto que outros o fizeram antes de nós, nos colocando, no caso de startups, para disputar os mesmos Mercados que outros o fazem muito bem, tornando nossa disputa um Oceano Vermelho. Assim, a sugestão de Musk para se obter inovação podem ser resumida nos seguintes passos:
Identifique e defina suas suposições atuais. [P1]
Coloque o problema em seus princípios fundamentais. [P2]
Crie novas soluções a partir do zero. [P3]
Elon Musk eleito pela revista Times uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Como exemplo, elenquemos as MUFs (principais funções) que definem um automóvel. Nossas suposições atuais, [P1], são de que é um elemento pesado, que consome algum tipo de combustível, transporta um número determinado de pessoas, possui pneumáticos, transporta uma pessoa na maior parte do tempo e que, em muitas cidades, está difícil de estacionar. Colocando o automóvel em termo de suas MUFs, [P2], o automóvel pode ser definido como um tipo de invólucro, no qual você entra, desloca-se horizontalmente seguindo trilhas pré-definidas e leva você do ponto A ao ponto B. Agora, delineando as funções básicas, podemos agora reinventar o automóvel, de modo a inovar. Assim, criando novas soluções, [P3], pode-se observar que este invólucro não precisa utilizar combustível fóssil, não precisa ser estacionado, não precisa ter motorista, pode ser compartilhado, pode voltar para a casa sozinho seguindo trilhas, e, finalmente, não precisará ser seu! Então pergunto: como está o seu conceito de automóvel agora? Foi isso que a Tesla e o Google fizeram, e em breve, não necessitaremos mais de carteira de habilitação.
Inovação x Qualidade. A duas formas de pensar tem seus prós e contras. A inovação, aquela necessária para manter uma empresa competitiva, apesar de que deve ser sempre perseguida, é de alto risco. Pode ser implementada desde que se tenha um arcabouço para isso, pois os ciclos de lançamento de um novo produto, Infância, Crescimento, Maturidade e Morte, consomem recursos diversos, principalmente na infância, em que os investimentos superam os retornos de capital. Nessa fase, a empresa deve abandonar todo aquele pensamento por analogia, necessário para as fases posteriores, e concentrar-se apenas nas rupturas. Por isto o balancete fica no vermelho, pois nesta fase o grau de experimentação é maior do que o grau de definição, o que sugere o descarte de muitos protótipos. À medida em que os protótipos ganham maior refino e chegam a serem apelidados de MVP (Minimum Viable Product), o pensamento por analogia, aquele mesmo, cheio de regras e protocolos, deve assumir o manche. Nesse momento, entra o que chamamos de momento da qualidade. Esta postura deve ser mantida até que a morte os separe, a qual é a última fase desse processo. Assim, se os pensamentos não forem bem sincronizados, a qualidade se transforma em uma camisa de força para a inovação, e esta é o caos para a qualidade.
Apesar de partirmos do pensamento por princípios para criar coisas novas, deve-se levantar a bandeira em prol do pensamento por analogia, pois foi ele que nos trouxe até aqui, que nos fez não provar daquele veneno, visto que quem o fez não se deu bem. Pura verdade! Os dois tipos de pensamento se complementam. O pensamento por analogia pode ser visto como a História, que pode ser considerada uma espécie de Ciência Congelada, aquela que devemos consultar sempre que as dúvidas aparecerem, de modo a não cometermos os mesmos erros; só novos. Defendendo então este pensamento, pode-se também observar no que os outros erraram e, em cima destes erros, trabalhar o pensamento por princípios, criando caminhos alternativos que podem nos levar aonde não chegamos ainda. A grande questão é a dosagem de um e do outro. Neste espaço surge o empreendedor inovador, responsável por balizar os caminhos de sua startup, para o oceano azul ou o vermelho ou mesmo para a morte… Da startup, é claro.
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