Uma ideia é como um ponto: não tem dimensão
Somando pontos temos uma linha, uma dimensão, um Norte
Linhas formam planos onde repousam as palavras e surgem os Canvas
Espetá-los com a ‘Força’ pode fazer brotar algo tridimensional… Quem sabe, um protótipo?!
A Inovação, jovem Padawan, é a única capaz de fazer este último andar por conta própria
“Inovação”, pelo prisma geométrico de um Empreendedor Jedi.
A qual força vocês acham que me refiro neste belo poema, extraído de Contos do livro que ainda estou escrevendo? Quem me conhece sabe do valor que dou ao ato de desenhar (rascunhar já serve). Para mim, essa é justamente a força capaz de (re)modelar o mundo, cuja bola cantei na AC Quer que eu desenhe?. Mas porque acho isso? A ideia desta AC é provar que o desenho é o melhor método para acessar nossa criatividade latente, botar nossos hemisférios cerebrais para conversar e produzir o mais poderoso dos brainstormings. Ao final, pretendo te incentivar a usar essa ferramenta para criar qualquer coisa. Follow me, please!
A lógica e a criatividade que moram em nosso cérebro
Do site da Netscan Digital, retirei a imagem que mostra (o que aparentemente é um consenso) como o cérebro funciona. Ele é dividido em duas metades com estruturas semelhantes, só que cada uma delas tem responsabilidades específicas. O hemisfério dominante se ocupa da linguagem e das operações lógicas (fazer contas, estudar, escrever, etc.), e o outro controla as emoções e a criatividade. Numa pessoa destra, por exemplo, o hemisfério esquerdo (lógico) comanda o lado direito do corpo. A metade direita (criativa) domina o lado esquerdo, por isto conseguimos pensar e nos movimentar ao mesmo tempo. Até aqui, para a maioria dos leitores, nenhuma novidade. Então, qual a contribuição que esta AC deseja trazer ao mundo empreendedor?
Os Dois Lados do Cérebro: Lógica x Criatividade (Netscan Digital)
Descarregando o cérebro
Muito provavelmente, alguém já te disse para conversar consigo mesmo. E num é que isso é um dos melhores conselhos do mundo para quem quer ter ideias inusitadas, primeira etapa do processo de inovação: botar você para hablar como se um parafuso estivesse solto? Como somos discretos, não precisamos falar alto, já que mesmo assim podemos nos ouvir. E é aí que entra o desenho. À medida que se desenha, aquilo em que se pensou é materializado, de modo que você pode encarar algo que estava latente em seu cérebro e, de fato, começar a conversar com esse algo. Como resultado, se dá uma espécie de descarga da RAM (memória temporária) que mora no seu neocórtex, abrindo mais espaço para trabalhar outra ideia ou uma nova em/ou por cima da anterior. Sugiro inicialmente a manutenção desses dois diálogos:
Primeira conversa. Se aproprie de um papel, ou em qualquer tipo de estrutura que detenha uma imagem, e desenhe. Use várias cores para isso. Se o que apareceu foi algo “muito doido”, prá lá de Salvador Dalí, é sinal de que seu Lado Criativo (LC) dominou a cena. Nesse caso, vá até o ponto em que a imaginação comece a sentir vergonha de si mesma e deseje parar. O Design Thinking chama isso de divergência. Acione então o Lado Lógico (LL) e comece a burilar o que você tem. Nesse caso, começa o processo de convergência. Observe que tudo foi feito em uma arena fora de seu cérebro, onde você pôde “descer a lenha” com um lápis. De preferência, utilize a cor grafite ou uma monótona para o processo de convergência nessa conversa.
Segunda conversa. Se o desenho que brotou de seu lápis foi um algoritmo, uma equação ou um modelo muito fechado - coisas duras, frias -, é sinal que o LL, o lógico, dominou. Comece então uma conversa do tipo “seja mais lúdico”, “quebre estas arestas”, “adoce mais isso aí, rapaz” etc., de modo que o que era quadrado ganhe curvas, as equações ganhem dúvidas e os algoritmos comecem a projetar desejos. Use a maior quantidade de cores possível para esse processo de “adoçamento”, de divergência, sobre o que está lá no papel.
O que emergirá desse debate
Comece pela primeira ou pela segunda conversa; o importante é que se deve ir de um lado para o outro. Assim fazendo, você realizou um diálogo com você mesmo, expondo para si o que estava em cada um dos hemisférios: se começou hedonista (lúdico/prazer/lazer em primeiro lugar) vai ter de ir um pouquinho para o estóico (sóbrio/austero). E vice-versa: se muito duro, terá de ser suavizado. Como resultado dessa disputa hemisférica (das duas bandas de seu cérebro), nascerá, no mínimo, “uma ideia perturbadoramente sólida”, já exposta e debatida por você, mas agora em condições de ser exposta a entes externos para novas trocas: outros cérebros.
Terceira conversa. Depois de validá-la com vocês (lados criativo e lógico) no mais poderoso dos brainstormings, como num processo convencional de criação e apresentação de uma startup ao Mercado, é chegado o momento de verificar a ideia. Arranje outros cérebros para fazer o papel de “Mercado”. Agora sim, você está preparado para aquele brainwritingstorming decente. Mande ver!
Florescer do brainstorming hemisférico: uma ideia perturbadoramente sólida
Dois exemplos de brainstormings de extremos: zero e infinito.
Utopia da logística: transporte em tempo “zero”!
#1. Divergência em sua máxima exuberância. Use o lado criativo (LC) para isso.
Que tal teletransportar isso? Desenhe essa dinâmica (#1).
#2. Realidade crua. Use o lado lógico (LL).
A forma mais rápida de transporte poderia acontecer por meio de Centros de Distribuição (CDs). Desenhe a dinâmica (#2).
Teletransporte via CDs? Isso só poderia acontecer se fossem criados, ou acionados, temporariamente. Opa: acionar tal parceiro para ser nosso CD em tal compra. Resultado: nasce o Amazon Prime.
Utopia da impressão monocromática: tinta preta infinita!
#1. Usando o LC.
Imagine um estoque infinito de tinta para imprimir documentos. Desenhe isso (#1).
#2. Usando o LL
Podemos marcar o papel, ao invés de jogar tinta nele? Será que dá para manchar, marcar, riscar infinitamente, de modo que tenha significado? Desenhe isso (#2).
Com uma ponta quente, dá para fazer isso infinitamente. “A tinta” pode também estar no papel. Que tal papel arranhável ou termossensível. Resultado: registros perfurados e aquele extrato cuja impressão desaparece quando precisamos dele! Pode ser melhorado, claro.
Inspiração para começar
Acredito que tenha conseguido passar meu método bipolar para expansão da criatividade com estes dois exemplos simples. Entretanto, digamos que você esteja com o cérebro zerado, saturado ou que precise de uma centelha para a ignição. Sugiro algumas ACs para começar sua criação:
Anomalias, problemas inventivos ou conexão de improváveis. Vide a AC Como criar criatividade.
Análise subversiva e antissistema. Vá lá na AC O Anti-Sistema: gerando ideias para startups em 60 segundos.
Isolando o coração de qualquer problema por meio da Redução aos princípios aplicada aos negócios, mergulhando nele como uma Smart Little People, ou ainda resolver contradições por princípios de separação.
Pela Quebra da inércia psicológica com as ACs Conceitos e desafios, “Criativando” nos negócios ou por meio da Abstração (des)estruturada.
Pensando em tendências de evolução ou prescrutando o futuro por meio da 9W.
Talvez você queira simplesmente rearranjar tudo via reprototipação ou criar algo por cópia, utilizando virtual twins. Se está desejando algo ainda mais “brabo”, pode procurar por bordas e ver o que há do outro lado, usando sempre sua própria heurística.
Você pode começar por este brainstorming bipolar e depois consolidar as ideias utilizando a teoria, análise e síntese para aprender eficazmente! Se nada der certo, você pode apelar para a arte do improviso. Mostrei alguns caminhos por onde ter ideias apenas em minhas ACs. Naturalmente, existem outros.
Finalizando…
À medida que envelhecemos, ficamos menos criativos e reduzimos a quantidade de perguntas, nos tornando, ironicamente, cada vez mais parecidos com uma IA. Se conseguirmos manter brainstormings ricos com nós mesmos - que são os mais poderosos -, a IA nunca nos alcançará e continuaremos úteis, sem medo de perder nossos empregos cansativos, repetitivos, previsíveis e de baixa criatividade (e qualidade). Com a criatividade afiada, poderemos sempre aprimorar nosso perfil empreendedor, criar excelentes escolas e cultivar boas profissões para as futuras gerações. Será que precisamos apostar?
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