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Antes de se formar…


… ! Sim, isso mesmo, ou você acha que tudo acontece como num ritual bizarro de passagem da adolescência à vida adulta, como os cultuados mundo afora?


Infelizmente, e sem percebermos, é isso que a sociedade nos impõe: milestones - ou marcos de controle discretos - cuja ultrapassagem nos coloca (ou deveria) em um novo patamar da vida. “Ele só tem 17 anos, 11 meses e 25 dias. É um garoto ainda”. Uma semana depois, pode dirigir um caminhão, alistar-se, comprar bebidas, casar-se, ser representante público ou, se fizer besteira, arcar com todo o rigor da lei sobre as costas. E, por incrível que pareça, e por pura inércia psicológica, este mesmo mindset é transportado ipsi literis para a formação e cobrança em qualquer escola, seja ela de base ou superior. Você não aprende por datas - “tal dia saberei sobre isso” - então porque ser cobrado desta forma funcionaria? A coisa não se dá como no filme Matrix, por download, pelo menos enquanto o Neuralink de Elon Musk não estiver funcionando. Estamos errando no formato de pensar e cobrar pela produção - até de nós mesmos - porque a forma de absorver não é alinhada à entrega por “pacotes”. Absorvemos incrementalmente.


A taxa de 80% já é padrão em qualquer previsão. De acordo com o artigo do administradores.com.br, 80% das carreiras atuais não existirão mais em 2030. Podemos ver esta estatística de uma outra forma. Se você considerar que um curso completo (qualquer um) aborda em maior ou menor grau várias áreas do conhecimento, 80% do que é ensinado hoje será inútil em 2030, se este conhecimento permanecer congelado, claro. Já que é certo que a coisa não tá boa, é hora de mudar ou ouvir uma opinião. Você também pode esperar alguns anos pra constatar que da sua formação só serão utilizados algo em torno de 20% do que absorveu. A consequência será a dificuldade em se colocar ou se recolocar.


Considero qualquer manuscrito uma opinião. Se contiver referências formais, torna-se um manuscrito técnico; se as referências são de vida, ganha status de conselho. Na AC (aula condensada) de hoje, emito conselhos aos educandos de quaisquer idades, imersos em quaisquer tipos ou níveis de cursos, no sentido de começarem a deslanchar suas carreiras - ou melhor, propósitos - antes dos famigerados rituais de conclusão de algum curso, ENEM, colação de grau etc. Assim como canja de galinha, não deverá fazer mal.

Tudo em uma única palestra. Quando minha ficha caiu...


Historinha 01


Cerca de 10 anos atrás, em uma final de tarde comum, em um dos anfiteatros do Centro de Ciências Exatas e da Terra, estava este professor proferindo a palestra inaugural de uma certa incubadora de um certo instituto pertencente a uma certa universidade federal situada no Natal/RN. Como o instituto é focado em TIC, busquei as maiores referências da área, com o intuito de mostrar até onde o empreendedorismo inovador poderia levar os(as) quase 200 jovens que estavam a me escutar: iniciei a preleção mostrando a foto do referido instituto com os quatro mais famosos do mundo da TIC à época: Steve Jobs (Apple), Bill Gates (Microsoft), Mark Zuckerberg (Facebook) e Michael Dell (Dell), como se esses nerds tivessem estudado por lá.

Quatro “boys” no instituto


Slide projetado, estava eu falando sobre graduação, formação sólida etc. etc. etc., aquele script que todo professor tem no bolso para convencer que sem o “canudo” nada feito. E aí, eis que ele - aquele aluno que todo professor tem vontade de abater com o apagador -, lança uma bomba: “Mas professor: esses quatro boys aí criaram esses colossos de empresas ainda na graduação!”. Risos, risos e mais risos, seguidos por um silêncio sepulcral e quase 400 olhos mirando você. Pigarreei, tomei um pouco d'água para dar tempo de o cérebro achar uma saída, e devolvi: “Mas esses boys só contratam pessoas bem formadas”. Deu para me livrar, por hora, mas foi uma “desculpa de amarelo”, pois nem eu mesmo me dei por satisfeito.


Historinha 02


Ainda na mesma palestra, por intermédio do compadre e colega Francisco Irochima, entramos numa live ao vivo com Vitor Pamplona, fundador da startup EyeNetra, com formação no renomado MIT. No momento em que estabeleceu-se o link, lancei uma pergunta direta ao rapaz: “E então Vitor. Fale-me sobre as engenharias; a daqui e a daí”. Vitor, de pronto, respondeu-me: “Professor, o conteúdo teórico da graduação no Brasil é superior ao nosso, o do MIT”. Estrondo, assobios, galera em êxtase, tive que aguardar alguns minutos para começar a pedir silêncio, pois aquele momento era raro e Vitor, na parte de cima do Atlântico, tinha outra agenda. Assim que meu pedido alcançou os ouvidos de uma galera que não se continha mais nos próprios egos, pedi para que nosso hóspede virtual continuasse. E ele completou: “Mas nossa prática é infinitamente maior. Aqui começa-se a errar rápido, corrigir cedo, desenvolver mockups, maquetes, protótipos etc. desde o primeiro dia!”. O efeito dessa segunda frase de Vitor foi o de um Rivotril aplicado diretamente nas têmporas. Todo mundo murchou.


Lições das Historinhas 01 e 02


O que é estar bem formado(a)? Trago então um pedaço de Cara, onde é que você tava?, texto inspirado exatamente na pergunta daquele aluno, que escapou de meu apagador:


“Hia, como era conhecido em sua turma, enveredou nesta jornada por dois motivos: o primeiro tinha a ver com sua paixão, a construção de habitáculos para seres humanos. Estando no 2º ano do curso, achava que tinha de testar suas teorias continuamente. “Temos sempre que exercitar o pensamento Lean”, dizia ele. E prosseguia: “Construir-Medir-Aprender o tempo todo, todo o tempo. Não dá pra esperar 05 anos pra então testar o que aprendi. Tem que ser em tempo real… A tecnologia não para. As pessoas não param. Em 05 anos estarei defasado”.


Como se aprende eficazmente? Trago então o trecho de Teoria, análise e síntese: aprendendo eficazmente!:


“A maneira de como me educo está ancorada em 03 pilares: Teoria, Análise e Síntese (TAS). Meus momentos de estudo possuem sempre estes 03 ciclos, que podem ir de alguns minutos até dias. Já se tornou um hábito. Coleto conhecimento sobre aquilo no qual quero atuar, o que explica a absorção de Teorias; afinal, muita gente boa já percorreu muitos caminhos antes de mim. Tenho de saber o que ficou estabelecido. Absorvida a teoria, critico-a para treinar o cérebro e tentar achar furos; busco por cases e em quais ela foi aplicada ou descartada. Chamo este processo de Análise. A análise sedimenta ainda mais o conhecimento, a ponto de tornar-me proficiente em algo cuja validação terá que ser atestada através da aplicação, o que chamo de Síntese”.

Assim, os que “os quatro boys” nos mostraram mais o quinto - Vitor -, é que temos de definir um propósito e buscar efetivá-lo sempre, num ciclo divertido de construir-medir-aprender e aplicar o tempo todo, todo o tempo, incrementalmente. No caso de uma graduação, em cada semestre e não quando for pegar o diploma, pois aí já será tarde. Imagine se os cabras das quatro grandes tivessem esperado o canudo para pensarem em montar suas startups? Não se trata, também, de qual formação ou profissão se deseja, mas de qual problema se quer resolver. Falo sobre isto em A Educação que precisamos aprender.


Finalizando…


Falta à educação brasileira a motivação por causas ou por solução de problemas desde a tenra infância estudantil. Criamos pontos de marcaçãoimaginários e desnecessários, que mais produzem aflição do que uma orientação em prol de um modo de vida agradável e útil. Somos guiados por metas iguais para todos - anti-empreendedoras -, as quais geram funis intransponíveis. O estímulo a uma postura empreendedora, desde cedo, poderia gerar mais oportunidades, trazer melhores resultados e fazer com que marcas (entrada em universidade, conclusão de curso, colação de grau etc.) passassem a ser opções e não fins ensimesmados. O conselho que quero deixar: reveja suas marcas e seus objetivos, pois a vida é muito curta para não se realizarem os sonhos. E faça isso antes de se formar! 😉

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